Vasos sanitários antigos, os verdadeiros vilões do consumo de água
No banheiro, o maior causador de desperdício
Os vasos sanitários são os maiores responsáveis pelo gasto de água numa residência: são 40 litros por descarga, o que equivale, em uma casa com quatro pessoas, a um consumo mensal de 14.400 litros, se cada morador apertar a descarga três vezes por dia. A constatação é do deputado federal Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB), ex-secretário estadual de Recursos Hídricos.
“Se antigas bacias fossem substituídas por outras mais modernas, que utilizam apenas 6 litros de água a cada descarga, o consumo cairia para 2.800 litros por mês”, diz Thame, ao participar do seminário Uso Racional da Água: Substituição das Bacias Sanitárias na Grande São Paulo, promovido pelo Sindicado dos Engenheiros do Estado, realizado em março de 2004.
“A substituição das bacias permitiria economia mensal de 17,2 bilhões de litros de água na Grande São Paulo, o que corresponde a 10% da demanda total por mês na região”. Destacou Thame. “Serão economizados 6.600 litros por segundo, mais que os 4.500 litros de água por segundo que deverão ser fornecidos pelas represas de Paraitinga e Biritiba, do Sistema Alto Tiête, a partir de 2005”.
Engenheiros do Programa de Uso Racional da Água (Pura), da Sabesp, entendem que não há necessidade de trocar os vasos para economizar. “As novas tecnologias de redução de consumo são importantes, mas é necessário que haja mudança de hábito da população”, disse o engenheiro Ricardo Chain, coordenador do Pura: “Se houver conscientização da população com relação ao uso racional, evitando-se o desperdício, não será necessária a troca do vaso sanitário.”
Segundo Chain, se cada um dos 18 milhões de habitantes da região metropolitana evitar uma descarga por dia, será possível economizar diariamente 180 milhões de litros de água – calculando-se que cada uma consumiria 10 litros. “Usando-se como cálculo que cada habitante consome 160 litros de água por dia, a economia de 180 milhões de litros seria suficiente para abastecer uma cidade com 1,1 milhão de pessoas.”
Desnecessários – Os novos vasos têm boca menor, com 10 centímetros (nos antigos, varia de 15 a 20 cm) e um sifão em forma de U, que dá mais pressão e permite limpeza com menos água. Custa, em média, R$ 50,00.
Thame informou que a Sabesp estuda se é viável financiar a troca dos vasos, idéia que surgiu quando era secretário de Recursos Hídricos. “A substituição custaria, em quatro anos, cerca de R$ 75 milhões, pouco mais que os R$ 50 milhões que a Sabesp investiu nos últimos seis anos somente em operações caça-vazamentos”, afirmou.
Os técnicos da Sabesp ainda não chegaram a uma conclusão sobre a necessidade de fazer a troca. “Estamos avaliando se a substituição das bacias é viável. Se é realmente como os fabricantes dizem”, afirmou Chain. “Já constatamos que uma válvula de descarga bem regulada utilizada de 8 a10 litros de água. Assim, seria um gasto desnecessário fazer substituição por bacias que consomem 6 litros.”
Chain lembrou que terminou em 2002 o prazo para os fabricantes adaptarem seus produtos às diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que determinam que os vasos devem consumir no máximo 6 litros. “A recomendação é que a população adquira equipamentos com o selo da ABNT.”
Ele recomendou ainda que os moradores instalem arejadores nas torneiras e redutores de vazão nos chuveiros. “Esses equipamentos permitem que, apesar da redução na quantidade de água, a pressão seja ampliada, dando a sensação de que está caindo muita água.”